Relator do empréstimo de R$ 3,4 bilhões pedido pelo Estado quer saber como valor será gasto

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Publicado por Karol Matos
13 de novembro de 2024 às 08h45min
Foto: Roberta Guimarães

A Comissão de Constituição, Legislação e Justiça da Assembleia Legislativa de Pernambuco tem previsão de votar na próxima terça (19) o Projeto de Lei de autoria da governadora Raquel Lyra (PSDB), para que o Estado possa contratar um novo empréstimo com garantia da União no valor de R$ 3,4 bilhões. O relator da proposta no colegiado é o deputado Waldemar Borges (PSB), que desde que foi escolhido sob sorteio tem apresentado dúvidas sobre a proposta. A principal delas é como os recursos serão aplicados pelo Governo de Pernambuco. 

No corpo do projeto há detalhamento de apenas três pontos, sendo US$ 90 milhões para o Projeto de Saneamento Rural de Pernambuco (Prosar), US$ 32,8 milhões para a Transformação Digital da Justiça, e US$ 125,5 milhões voltados para o melhoria da infraestrutura rodoviária, hídrica e sanitária. Somados e convertidos para a moeda brasileira, os valores alcançam aproximadamente R$ 1,2 bilhão.

Na segunda (11), o secretário da Fazenda, Wilson de Paula, participou de uma reunião com os parlamentares que integram a CCLJ para esclarecer os questionamentos sobre a matéria. Para Borges, é essencial saber como o restante dos recursos será aplicado, já que sem essas informações a autorização para os empréstimos seria como um cheque em branco. Ele avaliou o encontro como positivo.

Os projetos que estão explicitados no Projeto de Lei, somados, só chegam a R$ 1 bilhão. Ou seja, R$ 2 bilhões da autorização que a governadora está pedindo não têm uma vinculação mais direta ou mais explícita com nenhum projeto. Seria uma espécie de cheque branco em torno desses R$ 2 bilhões, dessa diferença. Então, o secretário ficou de mandar uma complementação informando no que é que o Governo do Estado vai gastar esses R$ 2 bilhões para que a gente, então, possa votar o projeto”, disse. “Ele [Wilson] vai mandar um ofício explicando para onde vai todo o dinheiro. Uma vez que ele mande, uma vez que eu tome conhecimento de para onde é que vai esse dinheiro, aí a gente incorpora ao nosso relatório”, complementou o relator.

Apesar de ser um dos parlamentares mais críticos da oposição, Waldemar Borges garantiu que não haverá dificuldade de aprovação, caso as informações solicitadas sejam fornecidas.

A bancada de oposição nunca deixou de votar nada que fosse do interesse de Pernambuco. A bancada de oposição sempre teve uma postura muito responsável, embora na aplicação dos recursos, a gente identifica uma certa partidarização. Sabendo no que vai ser gasto, que era informação que a gente não tinha e que o secretário ficou de mandar, a gente não vai impedir que Pernambuco contraia esse empréstimo e vai lutar para que, além de saber no que vai ser gasto, a gente também possa discutir onde vai ser gasto e em quais municípios, qual o critério de gasto desse recurso, para que a gente tenha um uso não politizado nesse sentido de só atender a base da governadora e não a todos”, afirmou o socialista. 

Em abril do ano passado, às vésperas de Pernambuco cair da categoria B para C na Capag*, a governadora Raquel Lyra (PSDB) pediu o aval da Assembleia Legislativa para captar outros empréstimos de R$ 3,4 bilhões – por coincidência, valor semelhante ao previsto no projeto atual. À época, a governadora esteve pessoalmente na Alepe para ela mesma explicar a proposta que foi aprovada no mês seguinte. Como neste ano o Estado entrou na lista de “maus pagadores”, as novas operações de crédito só serão possíveis devido à adesão ao Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF), autorizada pelos deputados em agosto. 

Em conversa com jornalistas no seminário promovido pela Amupe na última segunda (11), o secretário da Casa Civil, Túlio Vilaça, explicou que o PEF abre condições de captar aproximadamente R$ 1,1 bilhão em crédito por cada ano do programa. No caso de Pernambuco são três anos de PEF (2024-2025-2026), o que totaliza o valor do projeto. O Palácio optou por enviar uma só matéria ao invés de propostas individuais, assim, caso apareça uma “boa oportunidade” de crédito, conforme afirmou Vilaça, não será preciso esperar o período de tramitação e correr o risco de perder propostas. O secretário disse ainda que não necessariamente o valor total será contratado agora, tendo o Estado até 2026 para efetivar as transações.

*A Capacidade de Pagamento (Capag) é um indicador que avalia a situação fiscal dos municípios e estados brasileiros. A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) divulga anualmente as notas de Capag.

Karol Matos

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