Nesta terça (8), o debate na Assembleia Legislativa de Pernambuco foi pautado pela repercussão das ocupações do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST) em Pernambuco durante a Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária.

Enquanto parlamentares bolsonaristas acusam o movimento de ocupar terras produtivas e “com dono”, a deputada estadual Rosa Amorim (PT), que é militante do MST e assentada da reforma agrária, aponta a necessidade de democratizar o acesso à terra: “16 mil famílias em Pernambuco hoje têm a garantia de onde morar, produzir e educar seus filhos graças à luta do MST. E hoje, infelizmente, a mesma quantidade de famílias estão esperando a tão sonhada reforma agrária. Enquanto isso, temos grandes latifúndios improdutivos, como é o caso da ocupação em Goiana, em uma usina falida, uma das mais violentas contra os trabalhadores e que tem dívidas trabalhistas”, explica ela, se referindo a ocupação da Usina Santa Teresa, da Companhia Agroindustrial de Goiana (Caig), que tem enfrentado processos e condenações por dívidas trabalhistas com mais de 9 mil funcionários.

Mais que a distribuição de terras, a parlamentar também aponta que a jornada de lutas é uma forma de pressionar para que as áreas de assentamento sejam beneficiadas com políticas públicas de desenvolvimento da agricultura familiar. “Muitas vezes associam o povo do campo com fome, com miséria, mas muitas vezes são eles que produzem nossa comida. Sabe por quê? Porque o Estado precisa chegar mais lá, garantir desenvolvimento, estrada, eletricidade, saúde e educação”.

Além das ocupações, o Movimento Sem Terra realiza na terça (15), uma grande Marcha em Defesa da Reforma Agrária e da Democracia no Recife, passando por órgãos como a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e o Palácio do Campo das Princesas, onde o movimento deve ter uma mesa de negociação com a governadora Raquel Lyra (PSD).